Igreja de Benguela

48 anos de existência da Missão de Nazaré

 

HOMILIA do dia 12 de Maio de 2001.

Desde os tempos mais antigos a beata Virgem é venerada com o título de " Mãe de Deus ". Sobretudo a partir do Concilio de Efeso, o culto do povo de Deus para com Maria se difundiu de modo maravilhoso. De todas as festas marianas, a solenidade de maria Santissima Mãe de Deus é a mais antiga.

Nossa Senhora

Nossa Senhora de Fátima é celebrada desde a aprovação eclesiástica das aparições, e esta celebração tem valor exemplar no sentido em que exprime perfeitamente as motivações e o objecto próprio do culto mariano na Igreja. Este culto, difere essencialmente do culto de adoração prestado ao verbo encarnado assim como ao Pai e ao Espirito Santo. As várias devoções para com a Mãe de Deus que a Igreja aprovou entre os limites da sã e ordodoxa doutrina e segundo as circunstâncias dos tempos e dos lugares e de indole e caracter próprio dos fiéis, fazem com que enquanto é honrada a Mãe, o Filho, ao qual se voltam todas as coisas e no qual " aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude " ( Col 1, 19 )seja devidamente conhecido, amado, glorificado, e sejam observados os seus mandamentos ".

A Virgem Maria é Mãe de Deus, " porque nasceu segundo a Carne o Verbo de Deus encarnado ". Esta afirmação do Concilio de Efeso ( 431 ), faz justamente, da maternidade divina um corolário da encarnação do Filho de Deus.

Nesta festa de Maria de Fátima, a minha reflexão cai de modo particular no próximo jubileu que se avizinha. Afinal dentro de dois anos são cinquenta anos de existência que celebramos.

Quero abrir solenemente nesta Eucaristia o biénio jubilar, com Maria a fim de que ao longo destes dois anos que antecedem o jubileu quinquenário, toda a cristandade saiba e possa elevar á Deus por Maria o hino de acção de graças.

Porquê um biénio de reflexão profunda sobre Maria.

Antes de mais nada porquê acredito que todas as graças que recebemos de Deus têm chegado até nós através de Maria e a razão é clara, a nossa Missão é dedicada á jovem de Nazaré aquela virgem atenta aos sinais dos tempos.

Em segundo lugar porque ela iniciou a sua existência sob o signo e patrocínio de Maria de Fátima na noite de 12 para 13 de Maio de 1953.

Transcorridos 48 anos de existência esta Missão deve a Maria tudo quanto é nos seus filhos e filhas.

Este biénio será orientado no primeiro ano por Luc1, 42: " Bendita tu entre as mulheres " e no segundo ano por Jo 2,5: " Fazei o que Ele vos disser ".

É-nos fácil depreender que Maria, para muitos dos nossos crentes, religiosos, religiosas, sacerdotes é uma personalidade fora de moda. Vejamos o que os dados estatísticos nos dizem. Aqui na Nazaré estão as sementes de toda a piedade mariana no Centro e Sul do País. Hoje é de admirar que o número de legionários que atingiu já os mil, hoje conta apenas com uma centena entre os jovens. A geração dos mais velhos esta a desaparecer e não se vê incentivo nas gerações mais jovens. O que é que esperamos com a celebração dos cinquenta anos no ano 2003?

" Bendita és tu entre as mulheres e Bendito é o fruto do teu ventre ". Esta exclamação de Isabel exprime tudo o que podemos dizer da Mãe de Deus e que não nos cansamos de repetir todas as vezes que para Ela dirigimos a nossa oração " Ave Maria cheia de Graça ".

Na linguagem corrente, a bênção exprime antes de tudo, se não em maneira exclusiva, a consagração de uma coisa ou de uma pessoa. Na Bíblia, se trata de uma intervenção de Deus que promete felicidade, um feliz cumprimento. Bendito, é portanto aquele que goza do favor de Deus, que é revestido e protegido pela graça de Deus, isto é, o justo enquanto participa da justiça e santidade de Deus, o Bendito por excelência.

A festa do inicio da nossa Missão, que é a festa de Maria de Fátima, é uma celebração de extrema riqueza teológica e espiritual. Essa nos convida a contemplar em Maria a humilde serva do Senhor elevada pela graça de Deus a uma dignidade sublime, enquanto meteu no mundo Aquele que também para ela foi o " Deus que salva ". N’Ela saudamos a Bendita entre todas as mulheres, modelo perfeito não só de quantos foram benditos por Deus, mas da Igreja inteira, da qual ela é a imagem maravilhosa. Dando a luz o Salvador, nos deu aquele que nos fez filhos de Deus, que gritam ao Pai chamando-Lhe: Abba.

Pe Ezequiel Faria

Ò Maria, tu és Bendita entre todas as mulheres, Ò Maria, é Bendito o fruto do Teu ventre Jesus, faz-nos teus filhos dóceis, para que celebrando o teu nome cá na terra, saibamos aproximar-nos cada vez melhor para o fruto do teu ventre, Jesus Cristo nosso Rei e Senhor, que nos assiste e guia neste caminho tão árduo e difícil. Os homens de Jesus Cristo são os colaboradores juntamente com a Mãe, nessa tarefa transcendental. O nosso perigo é deixarmo-nos levar pela impaciência, devido ao fenómeno da temporalidade, isto é, pelo facto de nos sentirmos submersos " no " tempo, na linha de alguns filósofos. Temos pressa de resolver tudo urgentemente, porque temos a impressão de que os dias da nossa vida verão a decisão do destino do mundo.

Não nos sabemos colocar na perspectiva da fé. Basta que, ao longo da nossa existência, tenhamos colocado um tijolo na construção desse reino de liberdade e amor. O tijolo ficará lá irremovível, para sempre.

Quando tivermos morrido, cairá sobre nós humanamente o silêncio inquebrantável, o esquecimento eterno.Mas se nós tivermos dado um impulso a Jesus Cristo, no seu crescimento, teremos traçado uma linha indelével na História que nem o silêncio nem o esquecimento poderão apagar, e o nosso nome ficará escrito para sempre no número dos eleitos.

Possamos neste ano contemplar-te, tu que és bendita do género humano, para chegarmos as próximas solenidades quinquenais com um coração renovado. Que a gente que vive sob o teu patrocínio possa reconhecer em ti seu modelo de santidade e te busque cada vez mais.

Amen.

Pe. Ezequiel Faria    



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ultima revisão deste pagina 12 de Novembro 2001