HOMILIA do dia 12 de Maio de 2001.
Desde os tempos mais antigos a beata Virgem é venerada com o título de " Mãe de Deus ". Sobretudo a partir do Concilio de Efeso, o culto do povo de Deus para com Maria se difundiu de modo maravilhoso. De todas as festas marianas, a solenidade de maria Santissima Mãe de Deus é a mais antiga.
Nossa Senhora de Fátima é celebrada desde a aprovação eclesiástica das aparições, e esta celebração tem valor exemplar no sentido em que exprime perfeitamente as motivações e o objecto próprio do culto mariano na Igreja. Este culto, difere essencialmente do culto de adoração prestado ao verbo encarnado assim como ao Pai e ao Espirito Santo. As várias devoções para com a Mãe de Deus que a Igreja aprovou entre os limites da sã e ordodoxa doutrina e segundo as circunstâncias dos tempos e dos lugares e de indole e caracter próprio dos fiéis, fazem com que enquanto é honrada a Mãe, o Filho, ao qual se voltam todas as coisas e no qual " aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude " ( Col 1, 19 )seja devidamente conhecido, amado, glorificado, e sejam observados os seus mandamentos ".
A Virgem Maria é Mãe de Deus, " porque nasceu segundo a Carne o Verbo de Deus encarnado ". Esta afirmação do Concilio de Efeso ( 431 ), faz justamente, da maternidade divina um corolário da encarnação do Filho de Deus.
Nesta festa de Maria de Fátima, a minha reflexão cai de modo particular no próximo jubileu que se avizinha. Afinal dentro de dois anos são cinquenta anos de existência que celebramos.
Quero abrir solenemente nesta Eucaristia o biénio jubilar, com Maria a fim de que ao longo destes dois anos que antecedem o jubileu quinquenário, toda a cristandade saiba e possa elevar á Deus por Maria o hino de acção de graças.
Antes de mais nada porquê acredito que todas as graças que recebemos de Deus têm chegado até nós através de Maria e a razão é clara, a nossa Missão é dedicada á jovem de Nazaré aquela virgem atenta aos sinais dos tempos.
Em segundo lugar porque ela iniciou a sua existência sob o signo e patrocínio de Maria de Fátima na noite de 12 para 13 de Maio de 1953.
Transcorridos 48 anos de existência esta Missão deve a Maria tudo quanto é nos seus filhos e filhas.
Este biénio será orientado no primeiro ano por Luc1, 42: " Bendita tu entre as mulheres " e no segundo ano por Jo 2,5: " Fazei o que Ele vos disser ".
É-nos fácil depreender que Maria, para muitos dos nossos crentes, religiosos, religiosas, sacerdotes é uma personalidade fora de moda. Vejamos o que os dados estatísticos nos dizem. Aqui na Nazaré estão as sementes de toda a piedade mariana no Centro e Sul do País. Hoje é de admirar que o número de legionários que atingiu já os mil, hoje conta apenas com uma centena entre os jovens. A geração dos mais velhos esta a desaparecer e não se vê incentivo nas gerações mais jovens. O que é que esperamos com a celebração dos cinquenta anos no ano 2003?
" Bendita és tu entre as mulheres e Bendito é o fruto do teu ventre ". Esta exclamação de Isabel exprime tudo o que podemos dizer da Mãe de Deus e que não nos cansamos de repetir todas as vezes que para Ela dirigimos a nossa oração " Ave Maria cheia de Graça ".
Na linguagem corrente, a bênção exprime antes de tudo, se não em maneira exclusiva, a consagração de uma coisa ou de uma pessoa. Na Bíblia, se trata de uma intervenção de Deus que promete felicidade, um feliz cumprimento. Bendito, é portanto aquele que goza do favor de Deus, que é revestido e protegido pela graça de Deus, isto é, o justo enquanto participa da justiça e santidade de Deus, o Bendito por excelência.
A festa do inicio da nossa Missão, que é a festa de Maria de Fátima, é uma celebração de extrema riqueza teológica e espiritual. Essa nos convida a contemplar em Maria a humilde serva do Senhor elevada pela graça de Deus a uma dignidade sublime, enquanto meteu no mundo Aquele que também para ela foi o " Deus que salva ". N’Ela saudamos a Bendita entre todas as mulheres, modelo perfeito não só de quantos foram benditos por Deus, mas da Igreja inteira, da qual ela é a imagem maravilhosa. Dando a luz o Salvador, nos deu aquele que nos fez filhos de Deus, que gritam ao Pai chamando-Lhe: Abba.
Ò Maria, tu és Bendita entre todas as mulheres, Ò Maria, é Bendito o fruto do Teu ventre Jesus, faz-nos teus filhos dóceis, para que celebrando o teu nome cá na terra, saibamos aproximar-nos cada vez melhor para o fruto do teu ventre, Jesus Cristo nosso Rei e Senhor, que nos assiste e guia neste caminho tão árduo e difícil. Os homens de Jesus Cristo são os colaboradores juntamente com a Mãe, nessa tarefa transcendental. O nosso perigo é deixarmo-nos levar pela impaciência, devido ao fenómeno da temporalidade, isto é, pelo facto de nos sentirmos submersos " no " tempo, na linha de alguns filósofos. Temos pressa de resolver tudo urgentemente, porque temos a impressão de que os dias da nossa vida verão a decisão do destino do mundo.
Não nos sabemos colocar na perspectiva da fé. Basta que, ao longo da nossa existência, tenhamos colocado um tijolo na construção desse reino de liberdade e amor. O tijolo ficará lá irremovível, para sempre.
Quando tivermos morrido, cairá sobre nós humanamente o silêncio inquebrantável, o esquecimento eterno.Mas se nós tivermos dado um impulso a Jesus Cristo, no seu crescimento, teremos traçado uma linha indelével na História que nem o silêncio nem o esquecimento poderão apagar, e o nosso nome ficará escrito para sempre no número dos eleitos.
Possamos neste ano contemplar-te, tu que és bendita do género humano, para chegarmos as próximas solenidades quinquenais com um coração renovado. Que a gente que vive sob o teu patrocínio possa reconhecer em ti seu modelo de santidade e te busque cada vez mais.
Amen.
Pe. Ezequiel Faria